Assim como o vinho harmoniza com a comida, a poesia harmoniza com a gastronomia. Na poesia, as palavras se transformam em ingredientes que temperam a alma, aguçam a mente e nos convidam a um banquete de sensações. Assim também é com a gastronomia, pois ambas as artes exploram os sentidos, despertam emoções e nos transportam para um universo de experiências únicas. Os sabores, as texturas, o visual, tudo pode ser poesia.
E Adélia Prado, me inspira quando leio e releio seu poema Casamento. Para mim é mais do que um poema sobre culinária. É uma celebração da vida, nos convidando a degustar a essência do amor, com seus temperos únicos e sabores inesquecíveis.

"Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, de vez em quando os cotovelos se esbarram ele fala coisas como ‘este foi difícil’, ‘prateou no ar dando rabanadas’ e faz o gesto com a mão. O silêncio de quando nos vimos a primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo. Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir. Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva." Adélia Prado, do livro “Poesia Reunida“. Rio de Janeiro. Editora Record, 201



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