Opalina – O cristal que transforma magia em cor

Amarela, rosa, azuis variados, verdes impactantes, branca, lavanda… não importa a cor, opalinas são cristais especiais e marcaram época pela beleza e inventividade dos seus criadores, especialmente os mestres da Maison Baccarat – ela, sempre ela, nossa queridinha!! Hoje são muito disputadas. Tornou-se objeto de desejo de admiradores em todo mundo. Existe certa predileção pelos tons de azuis, notadamente o turquesa e o celeste, embora as mais raras, preciosas e caras sejam as peças de opalina amarela. Mas cada cor tem o seu apaixonado. O fato é que opalina é unanimidade internacional não só de especialistas e colecionadores, mas de de todos apreciadores da arte do cristal. Uma peça de opalina Baccarat dá um toque de distinção em qualquer ambiente.

Em Veneza surgiram as primeiras “opalinas” coloridas no século XVII, obtidas pela adição de óxido de estanho ao cristal de murano, porém, eram opacas e conhecidas como lattimo veneziano, quase nada a ver com o que tornou-se a opalina do século XIX e como a conhecemos hoje. Foi na França, em meados de 1800, que a opalina exerceu toda a sua majestade. E a Baccarat foi decisiva para esse fascínio. Inicialmente, eram chamadas de cristal de opala, pois lembrava a opala, pedra que possui as cores do arco-íris. O nome opalina, como é conhecida até os dias de hoje, surgiu apenas no inicio do século XX.

Esplêndido conjunto de opalina ricamente trabalhado.

A paleta de cores das opalinas era limitada se comparado ao universo das cores. Entre os vidros opalinos, o branco leitoso era a cor mais comum e procurada por ser considerada semelhante à porcelana chinesa – o que, em verdade, não era. Em comum, a cor branca, somente.  Os objetos, medidores de anéis, vasos, cornijas de lareira, adotaram, primeiramente, as formas simples num retorno aos antepassados. Esses objetos luxuosos geralmente recebiam montagem de bronze dourado, estilo hormolu, admiravelmente trabalhados. 

A sobriedade da decoração destacava a beleza da coloração. A opalina branca foi a primeira, e, gradualmente, novas cores foram sendo introduzidas no repertório como a rica turquesa, a delicada amarela e a marcante verde. Cores suaves também tem seus apreciadores. A cor mais celebrada era um rosa conhecido como gorge-de-pigeon, e o brilhante vermelho sangue. Logo aparece o amarelo, mas poucos modelos serão feitos por conta de certas dificuldades técnicas na obtenção da cor – daí sua raridade.

As Cristalleiries Le Creusot, Baccarat e Saint-Louis eram os principais centros de produção. Posteriormente, muitas obras de cristal foram criadas em torno de Paris: Bercy, Choisy-le-Roi, Belleville, Clichy. A Cristalleirie Creusot se especializou tons delicados, enquanto a Baccarat, embora produzisse todas as cores, tinha clientela cativa no azul turquesa.

Por volta de 1820, as opalinas, ainda feitas à mão, evoluíram ainda mais em formas e cores. O progresso técnico na indústria do vidro passa a marcar a história da opalina. Foi nesse período que surgiram os chamados vasos de cone, garrafas redondas com rolhas de bola, caixas de doces, perfumeiros (quase uma paixão nacional), entre outros objetos de desejo. Surgem as opalinas pintadas, mérito de Jean-Baptiste Desvignes, inventor do processo, que consiste em decorar o cristal de opala a baixa temperatura necessária para fixar as tintas ou os esmaltes. Ele usa folha de ouro ou prata que gruda no cristal usando um verniz. A temperatura de 50° é suficiente para garantir a adesão. Já em 1820, um novo processo também foi desenvolvido para modificar a aparência das opalinas cortando-as. Surgem novas formas.

Com a industrialização, uma produção diferente se instala. Não é mais cristal, mas um vidro branco, opaco, fosco, inicialmente chamado de “pasta de arroz”. Os fabricantes de vidro boêmios, região da hoje Republica Tcheca, logo inundam o mercado com peças inferiores. Em 1845, os termos “opalina de bazar” e “opalina de feira” foram atribuídos a muitos desses objetos. O bronze dourado cinzelado das molduras e o vermeil são substituídos por acabamentos baratos. Qualquer vidro ou cristal opacificado passou a ter o nome de opalina, quando, na verdade, não era opalina. Pelo menos as verdadeiras opalinas de excelência produzidas por Le Creusot, Baccarat e Saint-Louis.

Reza a lenda que a opalina Baccarat foi criada devido a um erro da manufatura na queima de peças de cristal: a mistura de areias destinada ao fabrico de uma massa de cristal, repentinamente se apresentou com um colorido e decomposição de cor, meio nebuloso, que lembrava a opala. A Baccarat jamais confirmou a história. E a origem de sua opalina maravilhosa é um segredo que seus artífices jamais revelaram.


Peças de grande valor são as compostas de duas ou mais cores. São peças raras devido às emendas feitas nas cores, pois cada peça de cor diferente tem que ter o ponto de fusão igual, para que não se rache ao ser emendada. Alguns potentados do Oriente, notadamente da Pérsia e da Turquia, encomendaram por volta de 1850 peças com decoração oriental à Baccarat; daí encontrarmos exemplares de gosto oriental, conhecidos sob a denominação de “turquérie” ou “à la turque”, ornadas ao gosto oriental ou ainda com esmalte em relevo, com a presença de pequenas pedras em “cabuchon” e colorido variado. Nas tampas das garrafas nota-se uma característica bem oriental: sua forma lembra os minaretes pontiagudos das sagradas mesquitas mulçumanas.


Por volta de 1870, no auge da Era Vitoriana, vão aparecer as opalinas mais leves, com suas bocas plissadas, conhecidas pela denominação de opalinas da Boêmia: fruteiras, cornucópias, pratos, lustres e vasos que recebem essa decoração de gosto vitoriano. Pássaros e flores, às vezes em relevo, principalmente a chamada flor-da-saudade, a fúcsia, a rosa-de-bess, os brincos de princesa e borboletas aparecem pousadas então, singelamente, nos galhos de flores. Surgem nesse período as opalinas duplas, feitas inicialmente em branco e depois capeadas de outra cor. Já no final da época Vitoriana, aparecem as opalinas inspiradas no “art-nouveau” que apenas pela sua decoração característica relatam e documentam uma época perto de nós e realmente consideradas, até pouco tempo, de gosto duvidoso.


Muitas manufaturas copiaram peças Baccarat, prensando-as e produzindo em proporções industriais para torná-las mais baratas e acessíveis a uma quantidade maior de pessoas. Essas peças nada têm a ver com as verdadeiras opalinas. São vidros coloridos leitosos: manteigueiras em forma de conchas, caixas, saleiros etc. Logo depois do aparecimento dessas peças, as opalinas atravessaram um período de decadência e chegou ao fim o seu fabrico – ressalve-se, opalinas como as que nos referimos ao longo do texto, cristal de opalina. Mais recentemente, a própria Baccarat produziu peças em forma moderna, mas sem o glamour das pecas centenárias do século XIX.

Açucareirode opalina em forma de melão e presentoir nos tons malva e branco, meados do século XIX,

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